domingo, 1 de dezembro de 2013

Estamos juntos?

Uma meta existe para ser um alvo
Mas quando o poeta diz: "Meta"
Pode estar querendo dizer o inatingível
(Gilberto Gil - Metáfora)

Não se duvide que o poder da metáfora seja infinito e possa ser utilizado até mesmo pelos menos sofisticados em matéria literária. As crianças, com sua imensa capacidade de dedução, são capazes de nos surpreender com o sentido figurado de muitas expressões. Não sabem o significado delas, mas a usam com toda propriedade. Os boçais costumam se apoderar do sentido análogo. Traçam paralelismos, fazem comparações, utilizam exemplos à farta. Felizmente, a metáfora é democrática e se presta a propósitos de toda sorte e grandeza.

Exemplo disso é o que ocorreu recentemente. Ao saber da expedição dos mandados de prisão de José Dirceu e José Genuíno, o ex-presidente do Brasil, Sr. Luiz Inácio, telefonou para os dois e disse: “Estamos juntos”. Com o perdão da repetição: ao saber que seus colegas de partido estavam na iminência de ser presos, Lula se dirigiu a eles para dizer que “estavam juntos”.

Como, juntos? Juntos, onde, cara pálida?

Os dois Josés iriam – como foram! – para o xilindró e Luiz Inácio continuaria – continua! – fruindo de sua liberdade. Teria ele perdido a noção espacial? Ou seria detentor do dom da ubiquidade?

Só a metáfora poderia justificar uma frase de tão mau gosto! Mesmo com tanta licença poética, a expressão do ex-presidente soa oportunista. Aliás, sob esse aspecto, ele tem jogado um bolão (justo ele que aprecia tanto as analogias com o futebol)! 

Estamos juntos? Peroba nele!

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