quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

Pontepretano: o bravo da recalcitrância

Pontepretano: o bravo da recalcitrância

Sou corintiano. Nunca pensei em mudar de time e, em matéria de futebol, jamais tive qualquer inclinação que não fosse o amor pelo Timão. Desde menino o esquadrão do Parque São Jorge avassalou meu coração. Lembro-me do dia em que o Corinthians rompeu longo jejum em vitórias contra a Ponte Preta, naquela final histórica do Campeonato Paulista, em 1977. Não prestava atenção ao embate, mas brincava pela sala na qual todos o assistiam. Em 1982, sobreveio a consciência da Democracia Corintiana e a paixão pelo Dr. Sócrates. Naquela época, talvez eu torcesse mais pelo Doutor do que pelo Corinthians. Depois, vieram as grandes fases, o rebaixamento, a conquista da sonhada libertadores e do campeonato mundial. Enfim, meu coração é corintiano. Eu não me engano.

Se falo isso é porque depois que vim para Campinas, por inúmeras vezes, me perguntaram: “Em Campinas você torce pra quem: Ponte Preta ou Guarani? A resposta é óbvia: para o Corinthians. Sim, para o Corinthians, em qualquer lugar do mundo. Não tem essa de que o fulano torce para um time numa cidade, para outro em uma outra cidade, e por aí vai. Quem torce, torce para seu time. E pronto.

Isso não impede, contudo, que exista alguma simpatia por outro time que não “aquele do coração”. Eu, por exemplo, tenho apreço pela Ponte Preta. Quando disputam o mesmo campeonato, Timão e Ponte, torço pela vitória do meu time. Todavia, encerradas as possibilidades de conquistar o título, fico na torcida para que o time campineiro logre, pela primeira vez, algum resultado digno de representatividade (um título de primeira divisão ou internacional).

A simpatia pelo time da Macaca não se deve apenas ao fato de ele ter, tal como o Timão, o alvinegro como traço emblemático. Deve-se, também, ao fato de haver uma grande identificação com a massa. A Ponte é um time popular, de torcida sofrida, empenhada e insistente. Mesmo após 113 anos de luta – mais de um século, vejam só! – sem nenhum título na divisão de elite, a Macaca continua esperançosa, ávida pela conquista de um campeonato.

Acho que o pontepretano é um bravo da recalcitrância. Sua insistência, sua tenacidade e senso de esperança são admiráveis. Já por isso mereceria a reverência incontestável das torcidas adversárias.

O triste malogro da conquista da taça Sul-Americana não desmerece em nada o brilho característico da Macaca. O título tão esperado ainda está por vir. Torçamos!

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