Sou corintiano.
Nunca pensei em mudar de time e, em matéria de futebol, jamais tive qualquer
inclinação que não fosse o amor pelo Timão. Desde menino o esquadrão do Parque
São Jorge avassalou meu coração. Lembro-me do dia em que o Corinthians rompeu
longo jejum em vitórias contra a Ponte Preta, naquela final histórica do Campeonato
Paulista, em 1977. Não prestava atenção ao embate, mas brincava pela sala na
qual todos o assistiam. Em 1982, sobreveio a consciência da Democracia
Corintiana e a paixão pelo Dr. Sócrates. Naquela época, talvez eu torcesse mais
pelo Doutor do que pelo Corinthians. Depois, vieram as grandes fases, o
rebaixamento, a conquista da sonhada libertadores e do campeonato mundial. Enfim,
meu coração é corintiano. Eu não me engano.
Se falo isso é
porque depois que vim para Campinas, por inúmeras vezes, me perguntaram: “Em Campinas
você torce pra quem: Ponte Preta ou Guarani? A resposta é óbvia: para o
Corinthians. Sim, para o Corinthians, em qualquer lugar do mundo. Não tem essa
de que o fulano torce para um time numa cidade, para outro em uma outra cidade,
e por aí vai. Quem torce, torce para seu time. E pronto.
Isso não impede,
contudo, que exista alguma simpatia por outro time que não “aquele do coração”.
Eu, por exemplo, tenho apreço pela Ponte Preta. Quando disputam o mesmo
campeonato, Timão e Ponte, torço pela vitória do meu time. Todavia, encerradas
as possibilidades de conquistar o título, fico na torcida para que o time
campineiro logre, pela primeira vez, algum resultado digno de representatividade
(um título de primeira divisão ou internacional).
A simpatia pelo
time da Macaca não se deve apenas ao fato de ele ter, tal como o Timão, o
alvinegro como traço emblemático. Deve-se, também, ao fato de haver uma grande identificação
com a massa. A Ponte é um time popular, de torcida sofrida, empenhada e insistente.
Mesmo após 113 anos de luta – mais de um século, vejam só! – sem nenhum título
na divisão de elite, a Macaca continua esperançosa, ávida pela conquista de um
campeonato.
Acho que o
pontepretano é um bravo da recalcitrância. Sua insistência,
sua tenacidade e senso de esperança são admiráveis. Já por isso mereceria a
reverência incontestável das torcidas adversárias.
O triste malogro
da conquista da taça Sul-Americana não desmerece em nada o brilho
característico da Macaca. O título tão esperado ainda está por vir. Torçamos!
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