sexta-feira, 29 de abril de 2022

O convite

O CONVITE

            Gênova resolveu dar um rega-bofe para comemorar os 15 anos de sua empreiteira. Não poderiam faltar políticos, empresários, funcionários públicos e gente com alguma particularidade de influência na vida pública do país. O critério para a escolha dos convidados, contudo, ainda hoje é motivo de especulação. O que teria Gênova estabelecido como condição essencial para que alguém pudesse desfrutar da comemoração? Talvez nem ele soubesse...

A festa, produzida sem preocupações quanto ao orçamento, teria de causar alaridos. Quando se soube dela no meio político, houve grande expectativa. Quem fosse convidado teria, em tese, o reconhecimento de algum prestígio. A cada um caberia capitalizar esse prestígio. Depois daquela data, a credencial mais importante consistiria em dizer que foi pessoalmente convidado pelo italiano. E quanta gente não agiu assim!

De outro lado, pé rapados, sequiosos por alguma notoriedade, chegaram a vender a alma e o corpo para conseguir um convite. O acesso à festa seria franqueado pela venda de sexo a preços módicos. Nunca a lascívia foi tão desvalorizada no mercado dos boçais arrivistas. Quanta humilhação e indignidade!

         Mais que uma comemoração sobre o sucesso da empreiteira do italiano, a festa representaria a sonhada vingança sobre Carva. Gênova ansiava por isso.  

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