Foram as últimas palavras que falei para o Carva naquela noite, ainda na festa. No dia seguinte, a notícia de sua morte consternou a todos. A necrópsia constatou que ele foi friamente torturado. Sofreu muito, o coitado. Depois, incineraram o corpo. Ficou irreconhecível.
Liguei para Juliana, sua esposa.
- Estou bem, sim. Vou superar tudo
isso.
As mais diversas hipóteses sobre a
motivação do homicídio começaram a chegar até mim. Eu só ouvia...
- O Carva foi assassinado por um
traficante. Nos últimos anos, estava cheirando muito e todos sabiam que ele não
pagava pelas encomendas. O Minhão deve saber de alguma coisa. Era o avião.
- O Carva? Esse foi morto pelas mãos
de um marido traído. Bonito e gostoso, era também um sedutor. Meu Deus! Só eu,
tenho três amigas que se envolveram com ele. Não me arrisquei porque o Léo é muito
violento e, se soubesse, certamente acabaria com o Carva.
- Só tem uma explicação: a impaciência
do Gênova, o empreiteiro. Muita coisa ficou sem explicação sobre a época em que
o Carva trabalhou na empresa dele. Foi o período de maior crescimento do
patrimônio do italiano. Aí tem.
- Quem matou o Carva? Só pode ter
sido um garoto de programa! Quase ninguém sabia, mas ele era bi. Tinha cacho
com o Murilo, um personal trainer que também fazia michê. Verdade! O Murilo
era um Apolo. Uma noite, vi os dois juntos num motel. O Carva era dado a putarias
de toda sorte.
- Foi a mulher, a Juliana. Apanhava demais
e tinha medo de avisar a polícia. Às vezes, ficava reclusa em casa. Quando saía,
sempre usava óculos escuros. Eu gostava muito dela e disse que poderia ir até a
Delegacia de Defesa da Mulher para ajudá-la a dar queixa. Mas ela resistia.
Dizia que não seria capaz. Amava o Carva. Mas tem uma hora...
- Prefiro nem falar no assunto. Sei
que tem até político envolvido nisso. Gente de cima, de poder mesmo. A coisa é
pesada.
A morte do Carva foi um grande mistério.
Até que...
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