terça-feira, 15 de fevereiro de 2022

A verdadeira origem do trompete e do saxofone

 A verdadeira origem do trompete e do saxofone

Em meio a um profundo tédio, desses capazes de fazer qualquer pessoa desistir da existência, Michet clamou pela presença de Deus. Queria um diálogo breve.
– Meu Deus, por favor, faça algo que dê sentido à minha vida.
Sabendo que Michet tinha grande afeição pela música, pois que vivia a assobiar, Deus propôs:
– Que tal um instrumento musical?
– Perfeito. Adoraria...
No dia seguinte, Deus o chamou e lhe entregou o prometido.
– Eis aqui o trompete. É um instrumento de sopro, composto por três pistos, uma campana, um lide pipe, curva de afinação, gatilhos das pompas... Há, também, uma peça móvel: o bocal!
Maravilhado, Michet pediu uma demonstração de como funcionava.
Deus tocou uma escala simples, o suficiente para que qualquer um tomasse ciência da beleza do som produzido pelo trompete.
Michet, todavia, estranhou:
– Como produzir todas essas notas com apenas três pistos?
Deus, paciente, explicou:
– Você terá de unir a digitação dos pistos com a flexibilidade dos lábios. Dessa conjunção resultarão todas as notas. Ao imprimir força a um pisto, haverá inúmeras possibilidades de notas a partir do movimento dos lábios. Não é tão simples, mas você chegará lá...
Michet logo deduziu que a beleza do som do trompete exigiria dele esforço e muito treino. Ao tentar emitir os sons, não teve êxito e ficou injuriado.
Deus, então, lhe disse:
– Michet, esse é um instrumento para as pessoas obstinadas, aquelas que têm vontade e perseverança. Para tocá-lo, não bastará talento. Serão necessários muitos estudos, tanto para formar a embocadura, quanto para articular as notas.
Michet entendeu que seu talento para assobiar e sua sensibilidade musical talvez lhe conferissem habilidade no manuseio do trompete. Com muita perseverança, tornou-se um grande trompetista.
Vendo e ouvindo Michet tocar, Horácio sentiu-se injustiçado. Queria também algo feito com exclusividade para si. Exigiu a presença divina.
– Pois, não, Horácio.
– Meu Deus, também quero um instrumento. O senhor seria capaz de inventar algo?
Deus perguntou-lhe:
– Não gostou do trompete? É um instrumento fantástico.
– Não é que não tenha gostado – explicou Horácio. É que já tentei tocá-lo e não consegui. Prefiro algo mais fácil, que exija menos esforços, menos estudos. Não quero algo que tenha apenas três pistos. Isso impõe ao músico um trabalho ingente. Desejo um instrumento que não precise da embocadura do trompete. Também gostaria que ele fosse dotado de várias chaves para que eu tivesse todas as notas disponíveis, ao alcance das mãos. Sem essa de ter de usar os lábios para produzir som... É muito trabalhoso. Não é para mim....
Deus sintetizou a pretensão de Horácio:
– Então, você deseja um instrumento simples, fácil de tocar, que não demande esforços e que seja bastante cômodo para qualquer pessoa?
– Perfeito – respondeu Horácio...
Assim nasceu o saxofone.
Em tempo: aposto no bom humor dos saxofonistas!!!!