sábado, 18 de junho de 2011

Billie Holiday

Billie Holiday nasceu em 1915 e morreu em 1959. Tinha, portanto, 44 anos. Sua voz ainda não havia passado por aquela metamorfose que torna maduro o timbre de quem canta. Há, nisso, um glamour singular, uma espécie de valor histórico que, de certa forma, contrapõe-se ao brilho estético almejado por tantos intérpretes.

Guardadas, bem ressalvadas as proporções devidas, é mais ou menos como ouvir as interpretações de Noel Rosa em sua própria voz: soa fraco, sem viço, sem beleza. Todavia, dá uma sensação, um ar de genialidade histórica insuperável. Talvez o mesmo se possa dizer dos primeiros discos do Chico: arranjos de sambas com coral e uma levada que ele não mais retomaria em suas obras subsequentes. A voz, também, algo fina e sem potência, marca presença naqueles trabalhos. Sim, eu sei que muitos dirão que ainda hoje isso é uma realidade. Deixemos para lá....

Em Billie nada soa grandioso senão a particularidade de sua voz e de suas interpretações. Salvo engano - e segundo informações de um grande admirador -, ela não participou de nenhuma grande produção, de nenhum projeto musical de requinte. Sua vida faz parte daquele submundo cuja descrição muitas vezes nos chegou por meio das telas cinematográficas: o mundo do jazz, do Harlem, da prostituição, do álcool barato, do fumo ordinário e das drogas que a levaram à ruína. Nela, tudo é underground, quase tudo recende a melancolia e a depressão. Sua voz fina na trilha de filmes antigos conjuga, com maestria, a estética musical com o fundo histórico de uma época que produziu grandes gênios da música.

Foi, pois, uma vontade de ouvir o tal “glamour singular” mencionado acima que, recentemente, despertou-me a curiosidade por sua obra. Bastou pouco tempo para chegar à conclusão que “Love for Sale” é uma das mais belas de suas interpretações. Creio que essa seja a única – repito: única – interpretação que ficou melhor em sua voz do que na voz da Ella, a maior cantora de todos os tempos, conforme já mencionei aqui, em 2008, no post Ella.

Há também outras preciosidades que Billie logrou gravar: “Lover Man”, “Easy to Love”, “Big Stuff”, “Georgia on my mind” e “Don’t Explain” (composição de sua lavra). Extasiante é o dueto com o velho e bom Louis Armstrong em “My Sweet Hunk O’Trash”. Vale a pena ouvir!

Pois é.... agora, mais essa: apaixonado pela Billie também.

Um comentário:

Joaninha disse...

BELO AMIGO!! VOCÊ NÃO SE EMENDA... A CADA DIA SE MOSTRA MAIS APAIXONADO POR AQUILO EM QUE ACREDITA!!!(Você é um artista, que re...vis...(i)...ta a revista, do artista)
LOUVO A SUA HISTÓRIA, A SUA MEMÓRIA E A SUA CONTEMPLAÇÃO PELA VIDA DAS PESSOAS QUE LHE INTERESSAM!!
SALVE BILLIE, SALVE E(L}LA E TODAS AS OUTRAS...
BEIJOS DE UMA FÃ LOUCA... OU TENS OUTRA??? rsrsrsrsrsrs
(e não é loucura da joaninha)