domingo, 8 de maio de 2011

Tio Harlan 4: o carismático

Tio Harlan 4: o carismático - Roberto Barbato Jr

O tio Harlan realmente impressiona. Ele causa frisson na mulherada e nos incautos. Sabe aquele sujeito que, no primeiro encontro, parece ser agradável, boa pinta e elegante? Aquele homem com o qual todos se deliciam, por tão agradável que parece ser? O tio Harlan é assim.

Quando é apresentado para alguém, ele faz de tudo: conta piada, narra histórias, fala de suas viagens à Europa e aos Estados Unidos. As pessoas chegam a acreditar nele. Ok: o cara é megalomaníaco, mas nem tanto. No fundo, sabe que se a mentira for grande, não será crível. Então, quando percebe a iminência do exagero, refreia seus impulsos. Menos mal.

Além das histórias de vida, o tio Harlan sabe contar piadas como ninguém. Ele tem a manha. Nunca se embaralha ao fazer a narrativa. Toda a trama é contada com coerência, sem enganos, sem avanços, sem tropeços. O final é sempre surpreeendente. Mais que isso, ele nunca – nunca mesmo – explica a piada. Se você ouviu uma anedota da boca dele, por mais infame que seja, a gargalhada será sua reação. Niguém jamais precisou fazer qualquer tipo de explicação.

Por fim, há nele uma outra grande virtude: ele sempre sabe quando parar. Ao perceber que as risadas começam a rarear, aborta a missão. Tem senso de percepção. Você pode não acreditar, mas ele tem.

Seu único escorregão nesse terreno cômico é que nunca deixa de contar uma piada de Joãozinho. Aquela que mais gosta é a do teste da memória. Ela nem tem graça, mas ele adora e conta com frequência. E o pior é que todo mundo ri.

É mais ou menos assim....

“Joãozinho, Pedrinho e Juquinha apostavam quem tinha uma memória melhor.

- Eu consigo me lembrar perfeitamente - gabava-se o Pedrinho – do tempo que a minha mãe me dava de mamar. Se eu fecho os olhos sou capaz de sentir o calor do seu peito...

- Isso não é nada - retrucou Juquinha. - Pois eu me lembro no dia em que eu nasci... Aquele túnel escuro... e o médico me segurando pelas pernas...

- Isso não é nada - argumentou Joãozinho. - Eu me lembro de ter ido num piquenique com o meu pai e voltado com a minha mãe!”

Se eu contasse essa piada, certamente ninguém riria.

Enfim, é por essas e outras que as pessoas adoram o tio Harlan quando o conhecem. Ele é o cara mais legal do mundo no primeiro encontro. Só aos poucos é que se percebe que o sujeito é um picareta. Mesmo assim, pasme, tem um número significativo de fãs, dentre os quais eu, naturalmente, não me incluo.

Minha opinião é inarredável: o tio Harlan é um filho da puta.

Um comentário:

Anônimo disse...

Oi trata-se a 2ª vez que vi o teu blogue e adorei muito!Bom Projecto!
Adeus