sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

Bacharelei-me, de novo

Ontem colei grau de novo e tornei-me, também, bacharel em Direito.

Antes da colação pensei em desabafar aqui, falar umas besteiras sobre a vida acadêmica, vociferar.... Queria gritar contra as formalidades inúteis dos acadêmicos de Direito. Onde já se viu vestir beca num calor desses? Pra que tanto discurso, tanto blá-blá-blá? Não estava disposto a participar da festa. Mas....

Fui para lá convencido de que a colação de grau era realmente importante para meus colegas. Se para mim pouco importava, para a maioria dos formandos aquele era um momento mágico. Embora com algum fastio, à medida que o tempo avançava percebi que estava envolvido pelo clima de festividade.

Os discursos – que há pouco chamei de blá-blá-blá – foram sintéticos e alguns chegaram mesmo a chamar minha atenção. Assinalaram valores nos quais realmente acredito.

Agora, festa acabada, vieram-me à cabeça as palavras de Brás Cubas quando conseguiu seu diploma. Tirante algumas poucas idéias, identifico-me com parcela significativa de seu discurso. Ei-lo:

"A Universidade esperava-me com suas matérias árduas; estudei-as muito mediocremente, e nem por isso perdi o grau de bacharel; deram-mo com a solenidade do estilo, após os anos da lei; uma bela festa que me encheu de orgulho e de saudades – principalmente de saudades. Tinha eu conquistado em Coimbra uma grande nomeada de folião; era um acadêmico estróina, superficial, tumutuário e petulante, dado às aventuras, fazendo romantismo prático e liberalismo teórico, vivendo na pura fé dos olhos pretos e das constituições escritas. No dia em que Universidade me atestou, em pergaminho, uma ciência que eu estava longe de trazer arraigada no cérebro, confesso que me achei de algum modo logrado, ainda que orgulhoso. Explico-me: o diploma era uma carta de alforria; se me dava a liberdade, dava-me a responsabilidade. Guardei-o, deixei-o as margens do Mondego e vim por ali fora assaz desconsolado, mas sentindo já uns ímpetos, uma curiosidade, um desejo de acotovelar os outros, de influir, de gozar, de viver – de prolongar a Universidade pela vida adiante...." (ASSIS, Machado de. Memórias póstumas de Brás Cubas. Porto Alegre: LP&M, 1997, p. 57)

Em tempo, o nome do capítulo do livro é "Bacharelo-me". Daí o título deste post.

Abraços a todos!

Um comentário:

Anônimo disse...

CARÍSSIMO PARABÉNS!!! ESCONDEU O OURO HEIM?!? e JUSTO NO MEU ANIVERSÁRIO... VAI DAR UMA PUTA SORTE RSRSRSRS
pARABÉNS!