Língua Brasileira 4: Na verdade, o caralho
A frase-título desse post não é minha e tampouco a pronuncio. Embora possa soar mal-educada e até mesmo grosseira, é necessária! Explico...
O uso do "na verdade" tornou-se tão banal e rotineiro que perdeu seu sentido. São vários os incautos que iniciam frases com "na verdade".
Não parece razoável que a expressão deva contradizer alguma coisa sujeita à dúvida? É óbvio que ela pressupõe alguma condição ou frase prévia. Tal como as conjunções adversativas "contudo", "entretanto", "não obstante", "todavia", o "na verdade" deveria se opor a alguma idéia. Deveria, ao menos, servir para exprimir alguma ressalva. Não é o que acontece...
Um amigo me confessou que tem uma fantasia: diante de um "na verdade" despropositado, gostaria de dizer um "Na verdade, o caralho!". Não seria necessário explicar a presença do caralho. Havendo bom senso, disse-me, as vítimas do protesto logo entenderiam o que o caralho faz numa frase como essa.
Sugeri que, em vez do "caralho", usasse um "caramba". Ele, mestre em piadas sem nenhuma graça, me saiu com essa:
- Caramba, o caralho!
Nessas horas fico pensando o que fazem da nossa língua....
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