Se eu morasse em Sampa hoje, iria, hoje mesmo, assistir ao show do Dominguinhos e do Yamandú Costa. Ficaria bastante satisfeito em ver um Yamandú mais contido, sereno e tranquilo. Para quem pode e está disposto a ir, segue abaixo uma bela matéria da Folha de S. Paulo sobre o show.
Apreciem-no!
Violonista gaúcho e sanfoneiro pernambucano dividem o palco do Auditório Ibirapuera de hoje a domingo
IRINEU FRANCO PERPETUO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Dominguinhos deu um presente a Yamandú Costa: a serenidade. Com relação à desenfreada busca por virtuosismo de "El Negro del Blanco", que ele gravou em 2003 com o clarinetista Paulo Moura, o violonista gaúcho de 27 anos soa mais contido no CD em parceria com o sanfoneiro pernambucano de 66, que acaba de lançar pela Biscoito Fino.
"Se você ouvir ele tocando com o Hamilton de Holanda [bandolinista], também parece uma Fórmula 1, porque os dois têm o dedo e o pensamento ligeiro", brinca Dominguinhos, que faz, de hoje a domingo, o show de lançamento do disco no Auditório Ibirapuera. "Mas, como grande músico, ele vai se ajeitando ao parceiro. Consegui levá-lo a um lugar mais manso, mais melódico."
"Esse tempo de quatro anos entre um disco e outro parece maior quando a gente é jovem", concorda o violonista.
"O CD "Yamandú+Dominguinhos" não tem nada de ego envolvido. É uma coisa mais de um querer ouvir o outro do que querer se ouvir; um carinho musical, como se a gente estivesse se abraçando."
Ele tinha 16 anos de idade quando foi "tietar" Dominguinhos em um show que o sanfoneiro fazia no Rio Grande do Sul com Renato Borghetti. Foi encantamento mútuo: enquanto o gaúcho dizia que seu sonho era fazer o violão soar como a sanfona do pernambucano, este já reconhecia no garoto o sucessor do virtuosismo de Raphael Rabello.
Alguns anos tiveram que se passar para que o namoro musical frutificasse. Com Yamandú firmemente consolidado no cenário musical, o produtor José Milton promoveu seu encontro com o ídolo da adolescência, que rendeu um show no Tom Jazz e o disco.
Hoje, a comunicação musical entre ambos é tão boa que dispensa ensaios ou mesmo conversa prévia. Do repertório do show em São Paulo, nenhum dos dois faz a mínima idéia, embora Yamandú antecipe que, certamente, deva ser distinto do CD, que trouxe "Bonitinho", parceria da dupla, ao lado de clássicos como "Wave" (Tom Jobim) e "Pedacinho do Céu" (Waldir Azevedo), além de uma faixa final em que "Asa Branca" é apresentada ao lado de "Prenda Minha", do folclore gaúcho.
"O disco a gente definiu só no estúdio, sem ter falado antes nem no hotel, e nunca teve coisas buriladas demais", conta Dominguinhos. "A gente pega o instrumento e a coisa acaba saindo assim, fácil."
YAMANDÚ E DOMINGUINHOS
Quando: hoje, às 21h; sáb. e dom., às 20h30
Onde: Auditório Ibirapuera (av. Pedro Álvares Cabral, s/nº, parque Ibirapuera, portão 2, tel. 0/xx/11/5908-4299)
Quanto: R$ 30
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