sábado, 9 de fevereiro de 2013

Veríssimo e o Jazz


Veríssimo e o Jazz

Que Veríssimo toque Saxofone, não é novidade. O que soa curioso – ao menos para mim foi motivo de surpresa – é seu conhecimento e sua paixão pelo Jazz, pelos seus maiores representantes e pelas peculiaridades técnicas desse estilo. Tudo isso e um pouco mais é abordado em seu recentíssimo Jazz, publicado pela editora Foglio, em formato digital (sim, é um e-book). Não sei se os textos ali reunidos foram publicados em algum veículo ou coletânea de crônicas.

Então, quer dizer que Veríssimo – um dos maiores cronistas brasileiros – publicou um trabalho de exegese e crítica musical? Nada disso. O que se lê nas páginas digitais são, também, crônicas. Algumas delas têm caráter puramente ficcional, como é o caso daquela em que ele narra o encontro entre Jorge Luis Borges e Benny Goodman, ambos mortos em junho de 1986. O diálogo entre eles contrasta o universo da música com o da literatura. Ali, quase se trava um duelo estético.

A obra se inicia com especulações sobre a origem da palavra Jazz, passa pela exposição de características técnicas de Dave Brubeck e Paul Desmond, aponta a paixão de Miles Davis pelo boxe, compara a extração social de Cole Porter com a de Gershwin e revela a verdadeira identidade do saxofonista Bob Fleming (alguém o conhece?).

Veríssimo é dos poucos cronistas capazes de fazer com que uma narrativa com dados biográficos se assemelhe a melhor ficção, como se fosse, de fato, uma estória criada. O leitor de Jazz ficará estupefato – e talvez até desconfiado – ao se deparar com breve relato sobre o dia em que, ainda jovem, o autor perambulou por Nova Iorque em busca de sessões musicais e se deparou com... ninguém menos que Charlie Parker e Dizzy Gillespie. O detalhe: encontrou-os juntos, tocando no mesmo palco, no Birdland. Fantástico!

Por essas e tantas outras, vale apreciar Jazz.

Boa leitura para os interessados! E muito Jazz, mesmo durante o carnaval!

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