Quem está lá pelos 40 anos já deve ter um repertório significativo de novidades tecnológicas que viu nascer. Lembro-me de algumas delas....
TV a cores. Quando a TV a cores foi criada, seu preço era, provavelmente, bem alto. A TV em branco e preto não desapareceu do dia para a noite. Levou um bom tempo para que isso acontecesse. Eu mesmo, em 1993, tinha um exemplar antigo de poucas polegadas que levei para a república no último ano de faculdade. O aparelho durou bem e, para uma república daquela época, se não era um espetáculo, quebrava bem o galho.
Controle remoto. O controle remoto das TVs – e depois dos aparelhos de som – era uma sensação. O sonho de toda criança! No começo havia o controle remoto com fio. Era bom, mas não tinha lá tanta graça.... Depois, pouco depois, surgiu esse modelo que hoje conhecemos.
Videocassete. Meu pai comprou o primeiro aparelho de videocassete em junho de 1985. As vídeolocadoras eram poucas e a variedade de filmes, imensa. É claro que os vídeocassetes já vinham com controle remoto (sem fio, bem entendido).
Aparelho de CD. Lembro-me que foi em Vale Tudo, novela das oito da Globo (1988), que vi, pela primeira vez, um aparelho de CD. Foi o neto da Odete Roitman que manuseou um CD sabe-se lá de quem.... Em casa, o primeiro aparelho de CD chegou em 1993, dado pelo meu avô. Curioso: lá havia o CD e, na república, uma TV em branco e preto. Contradições da modernidade....
Máquina de preencher cheques. Vi uma dessas engenhocas em 1992. Foi bastante útil, creio. Hoje, quase nem existem mais. Aliás, onde estão os cheques? Raramente os uso.
Balança digital de alimentos. Grande novidade. Revolucionou os lares brasileiros e o próprio comércio. “Comer fora” passou a ser mais fácil e rotineiro. Muita gente – muita mesmo – deixou de cozinhar em casa. Ir ao restaurante “à quilo” era mais fácil do que preparar o cardápio da semana, fazer compras e organizar a casa. Foi em 1992 que comi, pela primeira vez, num restaurante à quilo, em Campinas. Demorou ainda um tempinho para que o modelo fosse absorvido pelos empresários de São Carlos e região.
DVD. Depois de terem lançado o CD, pouco deveria ter faltado para a invenção do DVD. Mesmo assim, levou alguns anos. O primeiro aparelho de DVD que adquiri foi em 2003. É claro que antes disso, a comercialização da invenção já estava à toda. Hoje, com a criação do Blu-Ray e, sobretudo, com a possibilidade de baixar filmes da internet, pouco valor têm os aparelhos de DVD. Acho que o CD está para a vitrola e para a fita cassete como o DVD está para o videocassete.
MP3. Acho que comprei menos de 5 CDs depois que o mp3 se popularizou. É mais fácil lidar com ele do que carregar CDs para todo lado. Mesmo os CDs que adquiro, acabo transformando em mp3, seja para ouvir no carro, seja para ouvir no celular.
Celulares e smartphones. Quem não se lembra do aparecimento do celular? Tomei conhecimento do primeiro em 1996. Eram os famosos tijolões. As pessoas costumavam falar: “Estou aqui no meu celular”. O sujeito estava na fila do banco, atendia ao celular e pagava o maior mico. Aos poucos, todos foram adquirindo celulares e, naturalmente, seu uso de vulgarizou. Quando surgiram os smartphones, foi uma festa. E-mail para cá e prá lá. Hoje, com tecnologia BlackBerry e iPhone, nem tem mais graça compará-los com os tijolões.
PCs. Em 1987, quando estava no primeiro colegial, já manuseava computadores na aula de informática do colégio. Naquela época, entretanto, os computadores eram caros e, salvo equívoco, não tinham a utilidade que os PCs atuais têm. Em 1991, usei os computadores da universidade, com tela preta e caracteres verdes. Era o tal do Word Perfect. Fiz alguns trabalhos nesse tipo de máquina. Os disquetes eram grandes e flexíveis. Em 1994 (ano de real popularização dos PCs caseiros), conheci o Windows e, evidentemente, o Word for Windows. Tudo ficou diferente. Era mais fácil trabalhar com toda aquela qualidade gráfica. Mesmo assim, ainda eram comuns os monitores monocromáticos. Foi nesse ano que comprei o primeiro computador, cuja garantia era a famosa “la garantia soy jo”. Tratava-se de um PC 386 com Windows 3.1 e monitor.... monocromático. Depois, em 1997, adquiri um laptop. Perto do 386 era um avião....
Impressoras. Já que o assunto é informática, não posso deixar de comentar sobre as impressoras. Em 1994, a maioria delas era matricial. O barulho da impressão era irritante. Além disso, uma vez terminada a impressão, tínhamos que descolar as rebarbas dos papéis. Tinta? Não era tinta, não. Era fita, exatamente no mesmo esquema que as máquinas de datilografar. Depois de algum tempinho, vieram as impressoras à tinta e à laser.
E-mail. Vi o primeiro e-mail na USP de São Carlos, em 1993. Minha irmã me mostrou como era possível a comunicação entre dois computadores. Nos EUA, já existia havia tempos. Aqui, todavia, tardou a se popularizar. Em 1995, tive minha primeira conta (que era da Unicamp). Por meio dela mantinha contato com as poucas pessoas que já haviam aderido à tecnologia do correio eletrônico. Não se tratava dos e-mails que temos hoje (Yahoo, Uol, Hotmail, Gmail, etc), mas sim de correspondências eletrônicas trocadas na tela preta do computador, ou seja, no esquema DOS.
Internet. Tenho impressão de ter visto a internet pela primeira vez em 1995. Em casa, contudo, ela somente chegou em abril de 1999. Não consigo imaginar minha vida sem ela. No passado, quando criança, a vida era muito tacanha. Não tínhamos a possibilidade de obter informações em tão pouco tempo. As enciclopédias – sobretudo a Barsa – eram nossa maior fonte de pesquisa. Como era enfadonho procurar algo numa enciclopédia.... Diderot ficaria extasiado se soubesse que seu projeto de conhecimento se disseminou rapidamente pela internet....
Sem dúvida esqueci-me de algo. Não comentei o significado e o impacto que essas invenções tiveram na minha vida. Caso alguém se lembre de alguma invenção importante, mesmo que não esteja à beira dos quarenta, mande-me notícias, ok?
Bom carnaval a todos, preferencialmente com transmissão em HD para ver o desfile da Estação Primeira.
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