No post passado falei sucintamente da presença da tecnologia na minha vida. Foi com algum otimismo e euforia que a saudei. Esqueci-me, contudo, de assinalar os efeitos da tecnologia na vida de parcela significativa da sociedade. Não me estenderei.
Ainda moleque abri uma conta de poupança. Sempre que possível, passava pela Caixa Econômica Federal e depositava uns cobres. Quando queria saber meu saldo, entrava na fila e solicitava ao funcionário do caixa a informação. Ele ia até um fichário, pegava o papel com minha ficha, olhava o saldo, anotava-o num papel e me falava o valor.
Em 1988, abri uma conta corrente no Banespa. O procedimento para saber o saldo bancário era exatamente o mesmo. Havia funcionários que ali estavam para exercer esse papel. Já no ano seguinte, instalaram uma máquina na agência e cada correntista tinha um cartão e uma senha. Preciso dizer o resto?
A máquina naturalmente passou a executar as tarefas dos funcionários do banco. Algo semelhante à Revolução Industrial, guardadas as devidas proporções, estava em curso. Uma grande massa de desempregados bancários foi o resultado do impacto da tecnologia nas agências.... Processo semelhante já havia sido diagnosticado pelo velho Marx, quando analisou o impacto da manufatura na produção do capitalismo nascente. Em O capital, assevera que aquele "proletariado, livre como pássaros, não podia ser absorvido pela manufatura nascente com a mesma velocidade com que foi posto no mundo" (MARX, Karl. O capital. 3 ed. São Paulo: Nova Cultural, 1988, Vol. II, Tomo II, p. 265).
Recentemente, li, sem muita surpresa, uma manchete sobre a queda, em 50%, do faturamento das vídeo-locadoras. Pudera! Depois que a molecada passou a baixar filmes da internet, o consumo teria que cair. Quanto aos CDs, nem é preciso dizer nada. A discussão sobre a legitimidade dos programas aptos a baixar música da internet é longa....
Enfim, o impacto da tecnologia na sociedade pode ser devastador. Há sempre quem pague por isso.
Um comentário:
qual o problema em baixar arquivos pela internet? pagam-se o pc, a energia elétrica, o acesso à rede, o tempo de exposição às propagandas, etc.
se é verdade que o capital não tem pátria, qual razão em se estabelecer fronteiras entre as indústrias fonográfica, de energia elétrica e informática? a cpfl, a telefonica e a ibm que arranjemm mecanismos para manutenção da produção artística e, assim, estimularem o consumo de energia, internet, celulares, processadores, etc.
Postar um comentário