Lucio Rangel e a Bossa Nova – Roberto Barbato Jr
É conhecida a história do encontro de Tom Jobim com Vinícius
de Moraes. Tom já relatou, por várias vezes, que Lucio Rangel o apresentou para
o então diplomata. Naquela época, o maestro andava com uma pasta cheia de
arranjos, “competindo com o aluguel”, segundo suas palavras.
Rangel promoveu o encontro no bar Villarino (hoje, Casa
Villarino Bar). Sabia que Vinícius procurava por alguém capaz de musicar Orfeu
da Conceição. Depois da recusa de Vadico, recém-chegado ao Brasil para tratar
de sua saúde, Rangel logo imaginou que o jovem arranjador poderia assumir
aquele desafio.
Incauto, Tom perguntou: “escuta, tem um dinheirinho nisso?”.
De chofre, fora repreendido por Rangel: “Tom Jobim, esse aí é o poeta Vinícius
de Moraes!”. A reprimenda denota a reverência que o jovem Jobim deveria prestar
ao poetinha.
A peça teve estreia em 25/12/1956, no Teatro Municipal do
Rio de Janeiro. Com cenários de Oscar Niemayer, foi interpretada pelos atores
negros Abdias Nascimento Ruth de Sousa, Haroldo Costa e Ademar Pereira da
Silva.
Em menos de dois anos, Elizeth Cardoso gravaria o álbum
Canção do Amor Demais, com músicas de Tom Jobim e Vinícius de Moraes. Nele, a
música Chega de Saudade foi interpretada pela Divina, acompanhada pelo
revolucionário violão de João Gilberto. Iniciava-se ali a Bossa Nova.
Hoje, parece não haver dúvida de que o encontro promovido
por Lucio Rangel foi fundamental para o surgimento da Bossa Nova.
Em tempo: Lúcio do Nascimento Rangel (1914/1979) foi
produtor musical, cronista e jornalista. Dirigiu a Revista Música Popular,
editada entre 1954 e 1956. É autor de Samba, jazz e outras notas (Editora Agir)
e Sambistas e Chorões (Editora Francisco Alves).
#musicadetodosostons
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