sábado, 6 de março de 2010

Caetano: é melhor ouvi-lo cantar!

Há tempos a obra de Caetano não me desperta interesse. Não tenho acompanhado seus discos autorais desde Livro (1999). Também não me interessei por Coração Vagabundo, documentário sobre o próprio Caetano. Todavia, como estava disponível na locadora um exemplar do DVD, resolvi assisti-lo em plena segunda-feira de carnaval.

Não sei qual é o juízo da crítica sobre o documentário. Nem procurei pela opinião especializada. Apenas assisti. Nada mais.

Os monólogos não surpreendem. Trata-se de Caetano falando da importância de ter sido criado em Santo Amaro da Purificação e ter ido para São Paulo após os 18 anos. Os temas que sempre o inquietaram estão lá, vivos: a música brasileira, a pujança do tropicalismo, o etnocentrismo, cidades para se morar (ele confessa que nunca pensou em morar fora, mas, se tivesse que fazê-lo, moraria em Nova Iorque ou Madri).

O ponto alto desses monólogos é a menção ao surgimento de Sampa. Segundo ele, a música surgiu porque lhe pediram um depoimento sobre São Paulo. Ele deveria gravar um programa de TV no qual esse depoimento seria veiculado. De um dia para o outro, surgiu a música. Simples! Uma das obras primas da música (e da literatura) brasileira saiu assim, rapidamente, de um dia para outro....

O documentário em si não é lá animador. Entendo mesmo que seja pobre, insosso. Ocorre, todavia, que é acompanhado de um outro DVD. E é nele que está a graça.

Nesse segundo DVD está registrado um show que Caetano deu no Bar Baretto por ocasião do registro do CD A Foreign Sound. Nos bastidores, de modo descompromissado, revela que o ingresso para o show custou R$ 500,00 e que esse preço só poderia ser cobrado em São Paulo. O telespectador, porventura incrédulo quanto ao preço, logo fica satisfeito ao ser informado de que o cachê do mano Caetano foi doado para algum hospital. Cuidava-se, portanto, de show caríssimo, mas benemérito.

A apresentação é aberta com Não tem tradução, de Noel. A música, naturalmente, não faz parte do CD, mas, para Caetano, isso não faz diferença. Cole Porter é representado por duas fantásticas interpretações: So in love e Love for sale. Esta última é cantada sem nenhum acompanhamento. Kurt Cobain também está em seu show.

Poucos seriam capazes de fazer as combinações que Caetano fez sem deixar o show incoerente. Os músicos que o acompanham são de primeira linha (Jorge Helder e Moreno Veloso estão lá) e a produção é preciosa.

Enfim, quem não quiser ouvir Caetano falar em Coração Vagabundo, poderá ouvi-lo cantar. Valerá mais a pena.

3 comentários:

Anônimo disse...

então... dizem que no abaeté tem uma lagoa escura arrodeada de areia branca.
todavia, it’s a long long long long way, a long long long long road.

abraços, Barbato!

Anônimo disse...

Eu realmente gostava mais do Caetano em outros tempos...tempos mais remotos...
mas...vou pegar o tal dvd para ter certeza...
Beijo
Leca

Mara disse...

Pois é nem cogitei assisitir esse filme dada a chatice de mano Caetano dos tempos atuais, talvez então pelas músicas, a ver...
Grande abraço