Na última sexta-feira (08/01/2010), em sua coluna da Folha de S. Paulo, Bárbara Gância, publicou texto intitulado "Sirvam a cabeça do Boris com batatas!". Parecia evidente seu propósito de tentar minimizar os efeitos da infeliz frase proferida por seu colega Boris Casoy. Para quem não sabe do que se trata, sugiro a leitura do post anterior.
O texto da articulista é eivado de insensatez. Seus argumentos não têm pé, nem cabeça.
Depois de mostrar que tem uma certa familiaridade com os garis e conhece um estudo psicológico sobre eles, Bárbara considera ter legitimidade para fazer ponderações sobre aquilo que Boris chamou de "o mais baixo na escala do trabalho". De pronto, diz aos leitores que essa legitimidade não existe para aqueles que jamais conversaram com garis ou a eles deram alguma atenção.
Logo depois, indaga:
"Mas, vem cá: tem alguma relevância? Muda em um iota todos os anos de excelentes serviços prestados por Boris Casoy ao jornalismo tapuia? É evidente que não".
Qual é a relação entre os (supostos) excelentes serviços prestados por Boris com o comentário que ele fez? O fato de ter prestado tais serviços - supostamente excelentes, repita-se! - não constitui condição suficiente para lhe permitir agredir a classe de garis e nenhuma outra qualquer. Do contrário, bastaria que um homem tivesse uma trajetória profissional com "serviços prestados" para, em certa altura de sua vida, proferir agressões a quem quer que fosse. Isso não tem o menor cabimento.
Continua a articulista:
"Que eu saiba, o lixeiro é mesmo 'o mais baixo na escala do trabalho', como afirmou Boris com desavergonhada crueza. Ou será que algum dalai lama vai ousar me dizer que o posto é ocupado pelos médicos? Um gari e um lixeiro desejando "muito dinheiro" em 2010 é mesmo motivo de riso; não vejo onde esteja o enorme preconceito de que o jornalista foi acusado".
Por que o lixeiro é o "mais baixo na escala do trabalho"? Qual é o critério que o sr. Boris utilizou para aferir aos garis o nível mais raso naquilo que chama de "escala do trabalho"? O que vem a ser essa escala do trabalho? Em que nível estão, por exemplo, o jornalista, o professor e o torneiro mecânico? E o presidente? Por vias tortuosas, a resposta foi dada pela sra Bárbara: os médicos seriam o ápice da tal escala.
Mal sabem Boris e Bárbara que no Rio de Janeiro, em tempos recentes, havia candidatos com curso superior a garis municipais.
A exemplo de Casoy, Bárbara considera motivo de riso os votos de "muito dinheiro" dados pelos garis. Quer dizer que somente gente rica pode desejar muito dinheiro para anos vindouros? Pobre agora nem mesmo poderá desejar? Qual é a lógica disso?
A falta de inteligência da autora também é evidente no trecho que segue:
"Mas, claro, Boris Casoy teve uma rusga pública com Lula e é identificado pela esquerda festiva, emburrada e histérica como sendo um homem de direita. E, portanto, Boris Casoy deve ser atacado a cada oportunidade que se apresente".
Será que somente os adeptos da "esquerda festiva" reputaram nojento o comentário de Boris. De onde Bárbara colheu os dados que, em princípio, afiançariam essa tese absurda?
Alguém poderia explicar qual é a relação do estúpido comentário de Boris Casoy com o fato de ele ser "identificado" como um "homem de direita"? Fosse identificado com a esquerda, poderia proferir despautérios a torto e a direito? Isso lhe facultaria pronunciar-se de maneira leviana, tal como fizera?
Só faltou a articulista recorrer a tendências futebolísticas, religiosas e culturais para tentar justificar a nauseabunda postura de seu colega. Poderia, então, evocar o time para o qual torce para justificar a natureza de suas posturas?
Na absoluta ausência de argumentos sólidos, Bárbara falou o que quis, sem nexo, sem fundamentação. Poderia ter ficado quieta. Optou, todavia, por sair em defesa do colega. Deve ter suas razões para isso. Mas.... bem que poderia caprichar na pena.
Em tempo: aqueles que porventura assistiram ao vídeo dos dois garis desejando um feliz 2010 devem ter percebido o tom de simplicidade, de humildade sincera deles. De minha parte, achei comovente.
Já o sr. Boris Casoy, achou uma merda.
Um comentário:
Boris sempre foi um reacionário metido a portador da verdade universal e essa sra. Gancia é uma aberração.
Grande abraço
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