Assisti "Eu sei que vou te amar", em 1986. Tinha 14 anos e fui até a locadora procurar pelo filme que diziam ter sido premiado em Cannes. Fernanda Torres havia levado o prêmio de melhor atriz. O filme se passava num apartamento, tendo raríssimas cenas externas. Fernanda contracenava com o hilário Thales Pan Chacon. Eram diálogos que "discutiam a relação" ou explicitavam a neurose do casal. Nem lembro o que pensei do filme, mas olhando para o passado, tenho a certeza que, dada minha imaturidade, aproveitei muito pouco dele.
Já na década de 90, quando entrei na faculdade, Jabor era colunista da Folha de S. Paulo. Se não me engano, estreou na Ilustrada, escrevendo semanalmente. Eu me perguntava sempre se aquele era o Jabor "cineasta" e o que o teria feito desistir do cinema. A pergunta ficou na minha cabeça por muito tempo.
Um dia, assisti a uma entrevista em que ele dizia que só voltaria a filmar se houvesse um motivo realmente importante, que justificasse sua volta ao cinema.
Depois, já no final da década de 90, Jabor virou comentarista do Jornal da Globo. Seu estilo misturava histeria com radicalismo. Fazia comentários fervorosos, incisivos, capazes de suscitar no telespectador algum inconformismo. Quando "Central do Brasil" concorreu ao Oscar e perdeu para "A vida é bela" ele não deixou de fazer críticas duras ao filme do Benigni: disse que nada mais era do que uma recauchutagem barata do surrealismo italiano. Não pude deixar de concordar com ele: Central do Brasil, ao menos do ponto de vista estético, é muito mais interessante do que "A vida é bela".
Jabor escreveu livros, artigos, participou de debates políticos ao longo de todo esse tempo, foi comentarista do Manhattan Connection. Recentemente, voltou para atrás das lentes. Em ritmo frenético, e totalmente dedicado, está dirigindo "A suprema felicidade".
O que terá justificado sua volta para o cinema?
Um comentário:
A felicidade suprema: o Oscar!
Estou longe de ser o Jabor, mas arrisquei a responder a tua pergunta.
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