quinta-feira, 20 de março de 2008

Livros: os trinta e um mais...


Há algum tempo, numa roda de bar, um amigo indagou a todos os presentes quais seriam os dez CDs e os dez filmes que cada um levaria para uma ilha deserta, caso tivessem de lá ficar por algum tempo. A embriaguez avançou, a conversa desandou e ninguém disse nada...

Há pouco, Ozaí – autor do blog indicado aí ao lado – repetiu a pergunta, alterando, entretanto, os objetos e a razão da escolha. Perguntou-me quais são, na minha opinião, os 10 livros mais importantes para a formação intelectual e cultural de alguém, independentemente da área do conhecimento. Ora, isso é pergunta que se faça? A tarefa de responder a isso é, no mínimo, indecorosa! Fiz o que pude: fingi que tinha dúvidas sobre a pergunta, escrevi a ele tentando alterar a proposta, protelei a entrega da lista, reclamei sozinho. Por fim, esperneei, triste e só.

O problema é que a maldita pergunta recalcitrava na minha cabeça. Fiquei pensando, elencando mentalmente os livros mais importantes. Depois, com calma, concluí que a importância das obras devia relacionar-se com laivos essencialmente pessoais. Tudo ficou mais fácil. Não precisaria justificar muita coisa, simplesmente porque a relevância se respaldaria num critério sui generis: apenas e tão-somente meu!

Como poderia justificar que uma determinada obra, a despeito de não ter status de clássico, foi fundamental na minha formação? Como legitimar a inclusão dos três romances do Chico na lista de obras nacionais? Por certo eu teria de alegar que toda a obra dele me fora imprescindível.

Além de poder me esquivar das justificativas, resolvi ampliar a lista. Ozaí que me perdoe! 10 é uma quantidade lastimável! Segmentei a brincadeira: algumas obras de literatura nacional, algumas de literatura estrangeira e outras relativas às ciências sociais, crítica literária e etc.

Vamos às obras:

Literatura estrangeira

O vermelho e o negro – Stendhal
A idade da razão – Jean-Paul Sartre
O estrangeiro – Albert Camus
A metamorfose – Franz Kafka
Os sofrimentos do jovem Werther – Goethe
Afinidades eletivas – Goethe
Madame Bovary – Flaubert
O apanhador no campo de centeio – D. J. Sallinger
Pais e filhos – Ivan Turgeniev

Literatura nacional

Macunaíma – Mário de Andrade
Vidas secas – Graciliano Ramos
Budapeste – Chico Buarque
Estorvo – Chico Buarque
Benjamim – Chico Buarque
O encontro marcado – Fernando Sabino
Dom Casmurro – Machado de Assis
Memórias Póstumas de Brás Cubas – Machado de Assis
O alienista – Machado de Assis
Asfalto selvagem: Engraçadinha, seus amores e seus pecados – Nelson Rodrigues
Comédias da vida privada – Luis Fernando Veríssimo

Ciências sociais, crítica literária e etc.

O capital – Marx
Manifesto do Partido Comunista – Marx e Engels
Leviatã – Thomas Hobbes
Literatura e vida nacional – Antônio Gramsci
Aparelhos ideológicos de Estado – Louis Althusser
Raízes do Brasil – Sérgio Buarque de Holanda
Literatura e Sociedade – Antonio Candido
Dicionário de Política – Norberto Bobbio
A idéia de Brasil moderno – Octávio Ianni
Aspectos da literatura brasileira – Mário de Andrade
Táxi e crônicas do Diário Nacional – Mário de Andrade

Esqueci-me de três livros, mas ainda não os li. Então...



3 comentários:

Antonio Ozaí da Silva disse...

Caro Roberto,

vc tem toda razão... após as perguntas e, principalmente, das respostas que tive, cheguei às mesmas conclusões. A lista, qualquer que seja, é estritamente pessoal e relacionada à história de vida e aos interesses de cada um; e, por outro lado, ela sempre ultrapassa dez livros... na verdade, talvez seja infinita, pois sempre pode ser acrescentada uma nova obra. De qualquer forma, gostei da sua lista e anotei...

Obrigado pela referência e por escrever sobre o tema e parabéns pela forma leve com que escreve e trata de assuntos sérios.Sua linguagem é bem-humorada e, ao mesmo tempo, instiga a reflexão.

Abraços e tudo de bom,

Vinni Corrêa disse...

Budapeste é um dos melhores dessa lista de literatura. Na minha opinião.


Vinni
www.vinni.web.br.com

Anônimo disse...

Sempre fico muito tensa quando surge essa coisa dos "dez mais", temo cometer injustiça por causa dos truque sórdidos da memória. Você fez uma bela lista...
Beijos caríssimo