quinta-feira, 2 de julho de 2020

Tio Harlan 10: a vacina contra o Coronavírus

Tio Harlan e a vacina contra o Coronavírus
Não acreditei quando ouvi o toque de videoconferência do WhatsApp. Era o tio Harlan.
- Estou voltando para o Brasil!
- E a Lava-Jato? – indaguei curioso.
- Coisa do passado. Não vão me pegar.
Embora soubesse que entre o Tio Harlan e o trabalho há uma antítese insolúvel, resolvi perguntar se tinha alguma perspectiva de emprego por aqui. 
- Emprego? Estou prestes a ficar bilionário!
- Bilionário? O que o senhor aprontou dessa vez?
- Descobri a vacina contra o novo Coronavírus! Estou negociando a fórmula com um grande laboratório americano.
Aquilo não podia ser verdade. Tio Harlan acabando com a pandemia mundial? Piada! Pedi informações sobre a tal vacina. Ele me explicou que ela já havia sido testada em um grupo de mais de 500 pessoas. Todas se mostraram imunizadas. O sucesso era garantido.
Contudo, quando se fala de Tio Harlan, sempre há uma ressalva ou exceção. Com ele, nada é cem por cento. Arrisquei uma provocação.
- Todas, sem exceção, Tio Harlan?
Ele, então, abriu o jogo. À míngua da certeza da eficácia da vacina, a ela foi adicionada uma substância, oriunda da papoula, que poderia, na maioria dos casos, reduzir os efeitos da Covid-19. Ou seja, se não funcionasse, o antídoto milagroso proporcionaria ao contaminado uma inequívoca sensação de bem-estar.
- Puta que o pariu, Tio Harlan! Desse jeito, o senhor vai entorpecer o planeta!
- E não é disso que estamos precisando?
Dessa vez, fui eu a bater no telefone na cara dele.